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  • Foto do escritorInocêncio Oliveira

Ser Feliz É Uma Escolha

Graças à minha atuação como consultor organizacional e facilitador em dinâmicas de grupo, tenho conhecido testemunhos de vida de muitas pessoas. Faço aqui registro de um deles, que muito me impactou, bem como a todo o grupo de que o protagonista participava, como fonte de aprendizado de vida.


Aos 19 anos, P.P.B. era um surfista e curtidor de sua vida. Tendo por nível de escolaridade o correspondente ao 9º ano do ensino fundamental, frequentava as praias do Guarujá, residindo numa casa de veraneio de seus pais.


Seu pai lhe permitia ocupar a casa, mas não contribuía com sua sobrevivência, alegando discordar daquele estilo de vida, que classificava como vadiagem. Dedicava-se então à venda de tabletes de parafina, para outros surfistas, que a aplicavam nas pranchas para torná-las menos escorregadias. Frequentemente, e por contingências econômicas, tomava refeições na casa de colegas. Assim levava a vida e assim sobrevivia.


Como é próprio do destino nos reservar surpresas, num determinado dia de temporal e ressaca, ele sofreu uma queda de uma onda de 5 ou mais metros, caindo com os olhos abertos na própria água. Rompendo as córneas, tornou-se portador de uma cegueira. Foi resgatado pelos companheiros, através de códigos de alerta, erguendo uma das mãos para o alto.


Desenganado pelos médicos, que lhe diziam não haver solução, estes sugeriam-lhe que colocasse dois olhos de vidro para melhorar seu visual, dado que mostravam-se esbranquiçados criando constrangimento àqueles que, com ele, se relacionava.


Seu pai não admitiu tal procedimento. Um dos médicos sugeriu-lhe um enxerto, sem nenhuma garantia de sucesso ao retorno da visão. Deveria arriscar?



Antes mesmo de tentar o enxerto, ocorreu-lhe mais uma desventura. Certo dia, ao chegar às proximidades do escritório de seu pai, tomou consciência de um corpo caído, vítima de assassinato, rodeado por várias pessoas. Não tendo mais a sua capacidade visual, tateando o corpo reconheceu-o, em função dos detalhes em couro dos sapatos que seu pai frequentemente usava. Caiu em desespero.



Com o pai assassinado e cego dos dois olhos, entrou em depressão e permanentemente lastimava a vida que levava e a malfadada sorte que o perseguia.


Certo dia, diante de sua irmã mais velha, em prantos, repetia as queixas como em centenas de outras vezes fizera. Sua irmã, provavelmente na expectativa, assim reagiu:

— “P.P.B., você precisa tomar uma das duas atitudes: Ou você aceita as condições a que sua vida chegou ou então reaja da forma que lhe sugiro. Estenda sua mão que a solução encontra-se sobre esta mesa, ao seu lado”.


P.P.B., estendeu a mão e, para sua surpresa, encontrou um revólver. Caiu em estupefação e sua reação foi de êxtase.


Desprezando as duas alternativas da irmã, assumiu a seguinte atitude: Nem aceitação, nem suicídio. Decidiu, então, mudar sua vida para melhor, formulando um plano estratégico de sua revisão:

  • Arriscar o enxerto para voltar a enxergar, conforme sugestão do médico.

  • Fazer e concluir o curso supletivo. Prestar o vestibular. Concluir a Faculdade de Administração.

Estando com sua irmã, perguntou-lhe: — “Com que idade meu pai chegou a ser o Diretor Controller de uma multinacional?”. Ao que ela respondeu: — “Ele chegou aos 41 anos. Você está querendo se comparar ao meu pai? Você está longe dessa possibilidade”. Respondeu ele á sua irmã: — “Chegarei a estas condições, aos 40 anos”.

Em 1971, fez o enxerto de um dos olhos, passando a enxergar razoavelmente com o uso de óculos, ainda aos 19 anos. Dedicou-se incansavelmente ao supletivo, e depois ao vestibular, tendo sido aprovado em 50º lugar, de 150 vagas ofertadas. Aos 29 anos, realizou a segunda cirurgia, com sucesso, nas condições de sua primeira.

No ano de 1991, trabalhava na Texas Instruments, no Brasil, empresa de TI que atua na área de semicondutores, microcontroladores e conversores, com sede em Dallas, Texas. Neste mesmo ano, em que completara 40 anos de idade, no mês de agosto, recebeu uma carta do presidente da empresa nomeando-o Diretor Controller. Diante da nomeação solicitou ao presidente que lhe concedesse dois dias de folga. Em tom de surpresa o presidente lhe indagou: — “No momento em que lhe ofereço uma promoção, você me solicita dois dias de folga?!” Ao que ele respondeu: — “Eu tenho uma missão e um compromisso pela frente”. Foram-lhe concedidos os dois dias de folga.

Dirigiu-se para uma fazenda em Ribeirão Preto, onde morava sua irmã. A ela entregou a carta que o nomeara Diretor Controller, da Texas Instruments, aos 40 anos. Em prantos sua irmã pediu-lhe perdão pela atitude que tivera no passado. P.P.B., assim se manifestou: — “Não há que me pedir perdão. Venho trazer-lhe o certificado do Mérito que teve a ajuda, que de você recebi”. Sua irmã tomou a decisão de colocar a carta em um quadro, dependurando-o em uma parede.

Meus leitores, provavelmente vocês desconhecem o quanto um facilitador pode aprender daqueles a quem ele ajuda.


A partir daí aprendi que: A felicidade é uma escolha. Tenho decidido por ela.




Texto elaborado por Inocêncio Magela de Oliveira para a Revista Conceito em 17/07/2014.

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